J. M. Beraldo

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Ideia todo mundo tem. Inclusive deve existir meia dúzia de pessoas com a mesma ideia que você nesse exato momento só no seu bairro. A questão é colocar essa ideia em prática. Poucos fazem isso.

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Falando em ideias, elas tendem a pipocar nos momentos mais inusitados, então tenha sempre um caderno e lápis, gravador ou pedaço de pedra para escrever nas paredes se for preciso. Ou prepare-se para decorar diálogos e descrições surgindo quando você está no chuveiro ou dirigindo no meio do trânsito.

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Do que adianta escrever alguma coisa para ficar escondida na sua gaveta ou na memória do computador? Procure pessoas interessadas em ler e dar opiniões sinceras sobre o que você escreveu. Mande para uma editora! Se não fizer isso, nunca vai saber se o que escreveu é bom.

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Escreva aquilo que você acredita e gosta. Não adianta tentar escrever fantasia “tolkiana” se você não dá a mínima para o estilo, nem tentar se forçar a escrever um tórrido romance comercial se você não consegue levar isso a sério. Seja lá o que sair – se é que vai sair alguma coisa – provavelmente vai ser uma porcaria.

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Você muda com o tempo, e isso é visível na sua escrita. Volte para algo que você escreveu 8, 10 anos atrás e vai se surpreender com o que e como escrevia. Não é só uma questão de aprender a contar histórias melhor: é a bizarra impressão de que está lendo um texto vagamente familiar escrito por outra pessoa.

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Nenhum plano sobrevive ao contato com o inimigo. No caso, não adianta planejar milimetricamente um conto ou romance. Muitas vezes a coisa segue um caminho totalmente diferente na hora em que você está escrevendo.

Na prática, faz sentido que o personagem X tenha mais carisma e que Y precisa morrer. De repente o final que você previu não soa tão crível no papel, e você precise fazer exatamente o inverso do que tinha pensado originalmente. Acontece!

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Leia livros de ficção e não-ficção, assista a filmes e documentários (e, porque não, desenhos animados), bata papo com os amigos, ande na rua, navegue na internet. Tudo é adubo para a imaginação. Um sujeito no ponto de ônibus ou um programa sensacionalista podem te dar ideias inesperadas a qualquer momento.

Mas não se esqueça do (aprendizado) #1!

J. M. Beraldo é game designer e escritor profissional, com uma dúzia de jogos de computador (como Taikodom, World Mysteries e Flying Kingdoms) e livros de RPG (as séries Grittier e Veil of Truth) publicados, além dos romances Véu da Verdade (2005), Taikodom: Despertar (2008) e, muito em breve, Império de Diamante (2013).

Tem ideias demais e tempo de menos, mas sempre arruma um jeito de colocar essas ideias em prática, mesmo que para isso precise de um quadro de planejamento que nunca fica intacto mais de uma semana. Ele também dorme pouco, mas não liga (muito) pra isso. Site oficial.

Contribuição originalmente publicada no site Escriba Encapuzado

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