(Abaixo, trechos extraídos dos livros O livro das frases & outros diálogos e Picos Hotel, ambos pelo autor.)
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Um país sem escritores é pobre. Um país onde todos se julgam escritores é mais pobre ainda. (…) Sou escritor, não animador de Bienal. (…) Todo poeta é escritor, mas nem todo escritor é poeta.
{ 2 }
Prefiro um leitor inteligente à mil superficiais. (…) Um repórter veio à minha casa, queria conhecer meu ambiente de trabalho. Levei-o à cozinha e mostrei-lhe a cafeteira. (…) O escritor deveria ter um estágio de garçom.
{ 3 }
Quanto menos concurso literário ganhar, menos curtição tiver. Eis o caminho da qualidade.
{ 4 }
Delete como quem joga os originas da gaveta no lixo.
{ 5 }
Confundem substância com tamanho. Numa entrevista que organizei com o escritor Caio Porfírio Carneiro onde escritores jovens fazem perguntas ao mestre, o Altair Martins pergunta se um romance não cabe num conto. Concordo, substância tem haver com depurar a linguagem. Um livro deve ter somente o número de páginas necessárias. O resto é piada de Português. E, pior, sem graça.
{ 6 }
Sim, é possível o escritor exercer outra profissão além da de escritor. Há muitos bons escritores, não vou citar nomes, que exercem ou exerceram profissões sem relação direta com a profissão de escritor. Profissões como médico, advogado, diplomata e professor. Nada contra, claro.
O que eu gostaria de saber é: por que só a profissão de escritor não basta? A profissão fica parecendo hobby. E isso não é profissionalismo. Se a profissão de escritor dá ou não dá dinheiro, não importa. O importante é ser escritor sem a necessidade de preencher lacunas.
{ 7 }
Mesmo mal remunerado levantam o cartaz: “Orgulho de ser professor”. Queria vê escritor levantar cartaz assim.
Se ninguém levanta o cartaz, levanto eu: ORGULHO DE SER ESCRITOR!
Cláudio Portella (Fortaleza, 1972) é escritor, poeta, crítico literário e jornalista cultural. Autor dos livros Bingo! (2003), Melhores Poemas Patativa do Assaré (2006; Edição e-book, 2012), Crack (2009), fodaleza.com (2009), As Vísceras (2010), Cego Aderaldo (2010), O livro dos epigramas & outros poemas (2011), Net (2011), Os papéis que meus pais jogaram fora (2013), Cego Aderaldo: a vasta visão de um cantador (2013; Edição e-book, 2014), Elíptico (2014), O livro das frases & outros diálogos (2014) e Picos Hotel (2015). Colabora em importantes publicações do Brasil e do exterior. Ganhou o concurso de conto da UBENY – União Brasileira de Escritores em Nova York.
Contribuição originalmente publicada no site Vida de Escritor