Quando fui chamada para participar do “7 coisas que aprendi” pensei nas muitas coisas que vivi, enquanto caminho na estrada da escrita. Muita coisa é diferente do que pensava quando comecei a publicar livros. Inicialmente, jamais pensei em ser escritora de livros. Imaginava que me daria bem como atriz, escreveria nas horas vagas peças de teatro, crônicas e poesias.
Quando escrevi uma crônica falando do acidente que vitimou a modelo Fernanda Vogel, Myrian, mãe da modelo, leu o texto e me fez o convite para fazer um livro . Minha vida tomou novo rumo. Virei o que jamais imaginei: escritora de livros. Escritor escreve seja lá o que for, mas escrever livros traz novidades que só vivendo a profissão para saber. Espero que gostem do que vou dividir com vocês.
{ 1 } Ter um livro não quer dizer ter um livro em livraria.
Antes de publicar meu primeiro livro, pensava que qualquer um chegava imediatamente nas livrarias. A realidade acontece diferente disso. Vejo muitos autores interessados em publicar a qualquer custo, muitos pagam caro para ter seu primeiro livro. A editora obteve seu lucro e com raras exceções se interessa por distribuir seu livro.
Para um livro chegar na livraria muito precisa acontecer. Um processo que envolve o sucesso da editora, o nome do autor, a procura dos leitores, os eventos que os escritores fazem, o crescimento nas vendas….
{ 2 } Vale mais escrever com calma, “perder” um tempo da vida para ganhar depois.
Alguns escritores nervosos me pedem ajuda e demonstram sua ansiedade. Precisam com urgência mandar um livro para editora porque todos estão conseguindo editora menos eles. O melhor a ser feito diz respeito à paciência. Tenha cuidado, escreva com carinho, revise muito.
As grandes editoras são exigentes, não querem qualquer história e é melhor você “perder” um, dois anos da sua vida trabalhando em um livro, caprichando no produto final, do que entregar qualquer coisa e receber vários nãos.
{ 3 } Você também é revisor do seu livro.
Ser escritor envolve diretamente o conhecimento da língua. Não adianta apenas escrever achando que outra pessoa revisará seu livro. Revisores e editores surgem na trajetória do seu livro para melhorar o que já está ótimo. Ler e reler o livro, ser cuidadoso com cada parágrafo e buscar originalidade.
A pressa não ajuda na aprovação do livro. Outro dia um editor me disse: “A ideia do livro encantava, mas o autor tinha muitos erros de português, frases pela metade, só li até o terceiro capítulo”. Esse autor perdeu a chance de ser lido até o final, porque não foi cuidadoso com seu próprio trabalho.
{ 4 } Se quiser viver de literatura, escreva.
Com raras exceções um só livro não sustenta um autor. O melhor significa assumir a carreira na rotina, escrever todo dia, buscar a profissionalização, tendo em mente seu amor pela literatura, aliado à seriedade para não abandonar a escrita por preguiça. Vale também lembrar da necessidade de estudar enquanto escreve.
Muitos livros podem ajudar na melhora da sua escrita. Não deixe de se informar. Alguns estudiosos passam ótimas dicas para que seus livros tenham uma estrutura ainda melhor, um ponto de virada surpreendente e um final que encante seus leitores.
{ 5 } Seu livro, além de seu, é um produto de uma editora.
Muitos escrevem seus livros emocionados, cheios de expectativas, ideias… Mas do outro lado do projeto está a editora. A empresa que publica seu livro tem vários profissionais acostumados na preparação dos livros.
Não seja chato a ponto de querer se meter com a capa, por exemplo, nem reclamar das ideias do marketing planejado para o livro e não se meta com o trabalho do seu editor. Se ele disser: aquele trecho necessita de mudança, tenha humildade para refletir sobre isso e capacidade de mudar e fazer ainda melhor, surpreendendo seu editor.
Não vire estrela na editora, não ache que as pessoas da empresa são seus empregados, que você manda e tem autoridade sobre eles. Seja profissional e querido no tratamento com as pessoas que lidam e participam da prontificação do livro. Acredite que o bom tratamento junto às pessoas que trabalham na editora refletirá na alegria em trabalharem no seu livro.
{ 6 } Pense na possibilidade de ter um agente.
Você escreve o livro com toda a vontade, batalha por ele, prepara um texto de qualidade, cria uma história original, mas simplesmente não consegue ser lido. Pense na possibilidade de ter um agente literário. Eu tenho. Até o terceiro livro (Sou Toda Errada), eu mesma fechava os contratos dos meus livros, mas a partir do quarto livro (Garota Replay), o Bruno Borges, que já cuida do meu site e dos meus eventos, passou a negociar meus contratos.
Em 2011, me tornei escritora da Editora Novo Conceito. Por mais que acredite que o retorno sempre vem para quem trabalha, penso que sem o Bruno teria sido mais difícil. Mas se optar por um agente, cuidado. Existem pouquíssimos no Brasil, então não saia assinando contrato sem conhecer o profissional, sem antes consultar um advogado e ter certeza que não estará sendo enganado.
{ 7 } Escritores precisam ser amigos de escritores.
O trabalho do escritor é solitário, mas a carreira não precisa ser. Sou da turma que gosta de me unir a outros escritores, de divulgar os livros dos meus amigos e isso não diminui minha carreira. Pelo contrário, fiz amigos maravilhosos, li livros de autores nacionais ótimos.
Não ache o seu livro o melhor de todos e saiba que você não está acima de ninguém. Escritores estão na mesma batalha e mesmo que você ame seu livro e lute muito pela sua carreira, pode também ter parcerias com escritores. Isso só valoriza a nossa literatura nacional.
Obrigada desde já pelo convite! Adorei estar aqui e quero mandar um beijo enorme para a equipe dos blogs Escriba Encapuzado e Vida de Escritor. T.K. Pereira e Alexandre Lobão, valeu pelo convite e espero que minha participação ajude outras pessoas que buscam sucesso na escrita e desejam informações úteis. Um beijo para todos. Sejam sempre felizes.
Tammy Luciano é atriz, jornalista e escritora, autora de poesias, peças de teatro, crônicas e dos livros Fernanda Vogel na Passarela da Vida, Novela de Poemas, Sou Toda Errada e Garota Replay que a fez se tornar a primeira escritora brasileira do Selo Novo Conceito Jovem, da Editora Novo Conceito.
Formada em Artes Cênicas e Jornalismo, fez especialização em roteiro em Washington DC, EUA. Atua tanto quanto escreve, tem há mais de dez anos um grupo de teatro no Retiro dos Artistas, Rio de Janeiro, foi colunista do JB Online e do site Baguete Diário, apresentou o quadro Tá no Papo do Hipermídia do Globo.com.
Participou de diversos espetáculos teatrais, novelas como Uga-Uga, Laços de Família, Caminhos do Coração, episódios do Linha Direta, A Grande Família, foi repórter do programa TV Fama, da Rede TV! e esteve em uma divertida entrevista no Programa do Jô, da Rede Globo. Grava vídeos para um quadro chamado Crônica Falada e é uma das integrantes do grupo Novas Letras, o primeiro grupo de escritores em turnê pelo Brasil. Site oficial.
Contribuição originalmente publicada no site Escriba Encapuzado