7 coisas que aprendi. Só 7? Conta de mentiroso, número divino, número que me persegue (assim como o 33, o 666…). Mas vamos lá. 7 coisas que aprendi como escritor:
{ 1 }
Depois de 3 livros publicados, aprendi que tenho muito ainda a aprender sobre publicar livros, principalmente quando se trata de parceria com editoras. Algumas não estão interessadas em qualidade, outras não estão interessadas em vender mais do que a tiragem inicial (da qual você se torna inteiramente responsável por vender), outras te ajudam porque é importante para elas também que seu livro apareça, seja lido, resenhado. Enfim, aprendi que há más e boas parcerias nesse ramo.
{ 2 }
Aprendi que nunca vou conseguir ler o suficiente para me tornar um bom escritor. É preciso ler mais e também apreciar outras formas de arte. Por isso mais leio do que escrevo.
{ 3 }
Aprendi que um conto que você escreveu pode ser considerado muito ruim por um bom leitor, mas também pode ser considerado uma pequena obra-prima por outro bom leitor. A literatura é uma forma de arte e, como tal, é passível de apreciações subjetivas.
{ 4 }
Aprendi que os melhores leitores muitas vezes são aqueles que você não esperava que fossem. Um aluno do Ensino Médio pode ter entendido melhor sua história do que um Doutor em Letras. E isso não é nenhum demérito.
{ 5 }
Aprendi que há “panelinhas” no meio literário, que há grupos que leem apenas seus membros e que consideram como os melhores escritores de sua geração justamente esses autores, que vão receber prêmios, resenhas nos jornais e vão conseguir publicar nas maiores editoras. E que você jamais vai conseguir entrar nesse grupo.
{ 6 }
Aprendi que a literatura, por mais que seja desprezada, é a mais desejada das artes. Todo mundo quer escrever um livro, letristas de música querem que sua arte seja considerada literatura, fãs de gibis brigam para dizer que HQ é literatura, atores publicam romances, “youtubers” viram best-sellers. E quem se dedica exclusivamente à literatura e leu “trocentas” vezes mais literatura do que essa gente vê sua criação esquecida.
{ 7 }
Aprendi só agora, depois do terceiro livro, a não me desesperar, não escrever mais “textão” no Facebook lamentando o público escasso do lançamento do livro, não me iludir com parabéns e “likes” que não resultam em compra da obra. Escrevo e pronto. Se gosto de literatura, se vivo literatura quase 24 horas por dia, inclusive trabalho com literatura, se considero a literatura a minha religião, ignoro os infiéis e sigo lendo e escrevendo. Como sempre, lendo mais do que escrevendo.
7 e meio (posso?)
Aprendi que vivemos num dos melhores tempos possíveis para a literatura (e olha que tenho uma visão pessimista das coisas). Em outros tempos, dificilmente um jovem de uma cidade do interior conseguiria ter visibilidade e ser convidado para escrever numa publicação literária como a do Escriba Encapuzado.
Cassionei Niches Petry escreve a coluna Traçando Livros no jornal Gazeta do Sul, colabora com os sites Digestivo Cultural e Amálgama e mantém um blog. É autor do livro de contos Arranhões e outras feridas (2012) e do romance Os óculos de Paula (2014). Seu mais recente livro de contos, Cacos e outros pedaços, foi lançado recentemente pela Editora Penalux.
Contribuição originalmente publicada no site Escriba Encapuzado