{ 1 } Leia muito.
Muito mesmo. E de tudo.
{ 2 } Tenha um pouco de humor.
Isso não quer dizer ser abobado ou ingênuo. Quer dizer perceber que no final das contas você está em um planeta que está evoluindo e girando a 900 milhas por hora (citando the Universe Song, do Monty Phyton). Para mim, a única forma de lidar com niilismo é humor. Então perceba que você é ridículo, literatura é ridícula e nós somos só poeira espacial. Menos apego (a tradições, a certezas, a concretude) gera boa literatura.
{ 3 } Cada autor tem seu próprio processo.
Fulano da Silva bebia cinco xícaras de café antes de começar a escrever. Beltrano escrevia cinco páginas e cortava duas. É muito fácil se prender à mística e ao fetiche de “ser” o autor admirado. Mas não é assim que funciona. Desde que o resultado final seja escrever, escreva do jeito que funcionar para você.
{ 4 } Isso quer dizer que não existe idade certa.
Muitas pessoas que falam comigo se comparam com o fato de que escrevi e publiquei um livro antes dos 20 anos de idade. Acontece que, como alguém que publicou um livro antes dos 20 anos, consigo ver que existem vantagens inúmeras e desvantagens inúmeras. Eu teria evitado uma série de se tivesse apenas guardado meus livros e publicado mais tarde. Cada rota tem resultados diferentes, e nem todos são desejáveis.
A questão da idade é só uma causa de ansiedade na sua cabeça, afinal, há autores brilhantes que começaram a publicar com sessenta anos. Sempre tem uma jornada mais rápida, mais “interessante” que a sua. Não fetichize a jornada alheia. Até porque, se eu me comparar com David Bowie, ele era muito mais genial que eu aos 25 anos.
{ 5 } Aprenda a ouvir.
Isso não quer dizer se dobrar, mas o processo de escrita não é você e sua genialidade num quarto escuro. Aprenda a ouvir opiniões alheias, aprenda a rever seu texto como um leitor que não é obrigado a ler o que você está escrevendo.
{ 6 } Tenha paciência.
Muita. Nesse caso, o item #2 ajuda muito.
{ 7 } Releia.
Nesse caso, o seu próprio texto. Ou não.
Luisa Geisler é autora de Luzes de Emergência se Acenderão Automaticamente (Alfaguara, 2014), Quiçá (Record, 2012) e Contos de Mentira (Record, 2011). Tem textos publicados internacionalmente desde a Argentina até o Japão (rota pelo Atlântico) e acha essa ideia simpática.
Contribuição originalmente publicada no site Escriba Encapuzado