O meu pai disse-me uma vez: “Queres aprender guitarra? Toca até os dedos sangrarem. Depois, nunca mais dói.” Dezanove anos depois e eles ainda não doem nas poucas vezes que volto a pegar na guitarra. Descobri que na escrita passa-se o mesmo.
Escreve até não poderes mais, até não suportares uma nova página em branco, até sangrares sobre as suas páginas. Depois de saber como se faz, como escrever usando a cabeça e o coração, nunca mais somos capazes do fazer de outra forma… e nunca mais doerá tanto como no início.
Estas são algumas das coisas que aprendi ao longo desta viajem pelo mundo da escrita. Um percurso com destino certo a muitas outras lições pessoais.
Aprendi a…
{ 1 }
Não ter medo de eliminar tudo o que está a mais. Aprendi que é preciso ter o cuidado de cortar tudo aquilo que não serve, sem medo e sem pudor. Procurar a palavra certa, para transmitir a mensagem certa, é demasiado importante para ser negligenciado. É preciso coragem para apagar e substituir aquelas palavras que precisam de ser eliminadas.
{ 2 }
Aprender teoria literária. Um escritor é um curioso, um observador da natureza humana, é alguém que deseja aprender, e que não tem medo de o fazer sozinho. É essencial saber as regras para podermos quebrá-las com sucesso.
{ 3 }
Usar o dicionário. Eles existem por um motivo e recorrer a eles significa simplificar o nosso trabalho e torná-lo melhor. Dicionários, enciclopédias, gramática e afins são os instrumentos do nosso trabalho, tanto quanto o são uma boa história e uma folha de papel em branco.
{ 4 }
Usar as redes sociais. É preciso expormos o nosso trabalho às opiniões alheias, é preciso criar um plano de marketing e ajustá-lo às nossas necessidades, adaptando-o ao nosso projecto literário. Para o autor independente as redes sociais são uma mais-valia. É imprescindível ter uma presença forte, e inteligente, nas redes sociais para que os nossos leitores nos encontrem.
{ 5 }
Ser Persistente. Não desistir daquilo que queremos, do texto que nos persegue dia e noite, de pôr aquela ideia no papel. Não desistir, nunca, de escrever. Persistir todos os dias porque não importa o que os outros pensam, o que importa é perseguir o sonho e sermos felizes ao fazê-lo.
{ 6 }
Confiar nos nossos instintos. Pensar pela nossa cabeça, formar a própria opinião, e agir de acordo com isso. Se há algo que não nos está a parecer particularmente bom, é porque não o é. Confiar naquilo que sabemos ser a nossa verdade pessoal. Porque há muitas coisas más disfarçadas de boas por aí e só nós próprios é que podemos julgá-las.
{ 7 }
Não tomar decisões baseadas no medo. Ele é o nosso pior inimigo. Todos os autores têm receios, mais ou menos infundados, maiores ou menores. Não perseguir o sonho, não escrever uma história por preconceito, não usar uma personagem por receio, não pedir ajuda por medo de ser criticado, tudo isto é entregar o controlo da nossa vida ao medo. Escrever é dar esperança e tê-la também.
Sara Farinha é autora do romance Percepção, uma estranha realidade, publicado pela Editora Alfarroba, em Novembro de 2011. Participou no terceiro volume da Antologia de Poesia Contemporânea Entre o Sono e o Sonho com o poema Ausência Consagrada.
Administradora do blogue Sara Farinha e co-autora do Fantasy & Co. onde publica vários contos de literatura fantástica. Inaugurou o seu website Sara Farinha no passado dia 29 de Novembro, onde podem aceder a todos estes projetos literários.
Tem ainda uma presença activa nas diversas redes sociais onde podem acompanhar o seu percurso através do Twitter, Facebook, Google+ ou Pinterest. Site oficial.
Contribuição originalmente publicada no site Escriba Encapuzado
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