Quando procurei o conselho do Alexandre sobre esta série, eu não tinha cogitado participar dela. Escrevo desde que me entendo por gente – comecei aos 11 anos com versões para as histórias da Turma da Mônica –, mas só há pouco tenho me dedicado de verdade à escrita. Que valor teria minha contribuição quando ainda tenho tanto a aprender? Mas cá estou, ainda que receoso. Pouco sei sobre mercado editorial, técnicas, teorias literárias, mas creio ter compreendido questões que possam interessar aos que estão começando agora.
{ 1 } Toda grande caminhada começa com um passo.
Sonhar, desejar, asseverar, nada disto basta para se tornar um escritor. É preciso começar. Não espere que a vida esteja menos atribulada, pois a chance disto ocorrer é remota. Procure conciliar a escrita com estudos, emprego, família. Não há momento específico para escrever, portanto, não espere por um.
{ 2 } A estrada é longa, logo vá com calma.
Escrever bem requer dedicação, prática, tempo. O percurso não é fácil e o menor dos obstáculos pode ser desmotivador, portanto, não se afobe. Comece com textos leves e despretensiosos; escreva contos ao invés de se lançar de cara numa trilogia de romances, por exemplo.
{ 3 } Busque orientações.
Uma pesquisa no Google retornará uma miríade de conselhos e dicas para escritores iniciantes – para os que dominam o inglês as opções são ainda mais vastas. Inspire-se e aprenda com eles, mas pratique-os, não se limite a lê-los.
{ 4 } Não importa o caminho, desde que se chegue a algum lugar.
Escritor não é alguém que publica livros, mas que elabora textos. Escreva narrativas, dissertações, ensaios, artigos. Faça-o mesmo quando não estiver muito disposto. Travou diante do branco da página, da falta de assunto? Escreva sobre qualquer coisa – isto aquecerá o cérebro, clareará o raciocínio, atrairá a inspiração. Às vezes a escrita não renderá, o resultado não será dos melhores, mas o importante é praticar. Além disto, sempre será possível revisar depois.
{ 5 } Inspire-se na paisagem.
Ideias estão por toda parte, aguardando para serem capturadas. Um caso contado na hora do almoço, sonhos (ou pesadelos), uma cena presenciada na rua, em tudo há potencial para contos, crônicas, livros. Anote tudo que lhe interessar e monte um acervo. Mas cuidado para não se tornar um mero colecionador de ideias não trabalhadas.
{ 6 } Mantenha um diário.
Este é um estímulo à escrita. Melhor ainda, crie um blog. Fugindo do lugar-comum, eu entendo que este não deve nascer com o propósito de divulgação. Antes de conquistar leitores, ele deve motivar o escritor. Assim, escreve-se para mantê-lo atualizado, no mínimo. No início, deve-se ter uma atitude egoísta: ao pensar que o blog é voltado para si mais do que para os leitores o escritor supera obstáculos comuns que resultam no abandono desses espaços – por exemplo, o baixo retorno na forma de comentários, curtidas, compartilhamentos de artigos. Obviamente, deve-se cuidar para publicar textos interessantes, inspiradores, úteis, afinal, já há muita porcaria na Internet.
{ 7 } Guie-se por seu sonho.
Há muitos obstáculos no caminho dos que desejam se dedicar à escrita. Mas quando há a certeza de se estar em busca da realização de um sonho, nada é insuperável. Não se deixe corromper pela ambição desmedida: não escreva só para ser publicado, mas para compartilhar suas ideias, contar boas histórias, desenvolver o senso crítico, servir à sociedade. Como aprendizes, nós devemos saber disto: o amor pelas palavras torna o aprendizado prazeroso, como deve ser – e se não for assim, então talvez esta jornada não seja pra você.
T. K. Pereira é um jovem apaixonado pelas palavras que, recentemente, decidiu dedicar-se ao sonho e trilhar o caminho do escritor. Em seu blog, Escriba Encapuzado, ele compartilha suas experiências na esperança de auxiliar outros aprendizes. Lá também estão (e serão) publicadas resenhas, crônicas, histórias, e textos diversos. Pode ser encontrado também em sua página no Facebook e no Twitter onde ele indica artigos, livros, filmes.
Contribuição originalmente publicada no site Vida de Escritor